Atividade da disciplina
Humanidade, sociedade e cidadania
Estimados estudantes, é do
conhecimento de todos que mundo sofre devido a pandemia do COVID-19. O texto a
seguir está em consonância com o momento que estamos vivenciando.
Sugiro que vocês, após a
leitura, façam uma dissertação a partir do seu entendimento e visão sobre a
sociedade e as desigualdades que nela existem, respondendo a seguinte pergunta
: em tempos de pandemia, é possível estabelecer ações eficazes considerando
apenas uma Parte da sociedade?
Qualquer dúvida pode entrar
em contato comigo, com prévia identificação, pelo whatsapp (74) 99909-3807.
ARTIGO: Pandemia de coronavírus é um teste
de nossos sistemas, valores e humanidade
Por Michelle Bachelet e Filippo
Grandi*
Se nós precisávamos lembrar que vivemos em um mundo
interconectado, o novo coronavírus tornou isso mais claro do que
nunca.
Nenhum país pode resolver esse problema sozinho, e nenhuma
parcela de nossa sociedade pode ser desconsiderada se quisermos efetivamente
enfrentar este desafio global.
O Covid-19 é um teste não apenas de nossos sistemas e
mecanismos de assistência médica para responder a doenças infecciosas, mas
também de nossa capacidade de trabalharmos juntos como uma comunidade de nações
diante de um desafio comum.
É um teste da cobertura dos benefícios de décadas de
progresso social e econômico em relação aqueles que vivem à margem de nossas
sociedades, mais distantes das alavancas do poder.
As próximas semanas e meses desafiarão o planejamento
nacional de crises e os sistemas de proteção civil — e certamente irão expor
deficiências em saneamento, habitação e outros fatores que moldam os resultados
de saúde.
Nossa resposta a essa epidemia deve abranger e focar, de
fato, naqueles a quem a sociedade negligencia ou rebaixa a um status menor.
Caso contrário, ela falhará.
A saúde de todas as pessoas está ligada à saúde dos membros
mais marginalizados da comunidade. Prevenir a disseminação desse vírus requer
alcance a todos e garantia de acesso equitativo ao tratamento.
Isso significa superar as barreiras existentes para
cuidados de saúde acessíveis e combater o tratamento diferenciado há muito
tempo baseado em renda, gênero, geografia, raça e etnia, religião ou status
social.
Superar paradigmas sistêmicos que ignoram os direitos e as
necessidades de mulheres e meninas ou, por exemplo, limitar o acesso e a
participação de grupos minoritários será crucial para a prevenção e tratamento
eficazes do COVID-19.
As pessoas que vivem em instituições — idosos ou detidos —
provavelmente são mais vulneráveis à infecção e devem ser especificamente
incluídas no planejamento e resposta à crise.
Migrantes e refugiados — independentemente de seu status
formal — devem ser plenamente incluídos nos sistemas e planos nacionais de
combate ao vírus. Muitas dessas mulheres, homens e crianças se encontram em
locais onde os serviços de saúde estão sobrecarregados ou inacessíveis.
Eles podem estar confinados em abrigos, assentamentos, ou
vivendo em favelas urbanas onde a superlotação e o saneamento com poucos
recursos aumentam o risco de exposição.
O apoio internacional é urgentemente necessário para ajudar
os países anfitriões a intensificar os serviços — tanto para refugiados e
migrantes quanto para as comunidades locais — e incluí-los nos acordos
nacionais de vigilância, prevenção e resposta. Não fazer isso colocará em risco
a saúde de todos — e o risco de aumentar a hostilidade e o estigma.
Também é vital que qualquer restrição nos controles das
fronteiras, restrições de viagem ou limitações à liberdade de movimento não
impeça as pessoas que possam estar fugindo da guerra ou perseguição de acessar
a segurança e proteção.
Além desses desafios muito imediatos, o coronavírus também
testará, sem dúvida, nossos princípios, valores e humanidade compartilhada.
Espalhando-se rapidamente pelo mundo, com a incerteza em
torno do número de infecções e com uma vacina ainda a muitos meses de
distância, o vírus está provocando ansiedade e medos profundos em indivíduos e
sociedades.
Sem dúvida, algumas pessoas sem escrúpulos procurarão tirar
vantagem disso, manipulando medos genuínos e aumentando as preocupações.
Quando o medo e a incerteza surgem, os bodes expiatórios
nunca estão longe. Já vimos raiva e hostilidade dirigidas a algumas pessoas de
origem do leste asiático.
Se continuar assim, o desejo de culpar e excluir poderá em
breve se estender a outros grupos — minorias, marginalizados ou qualquer pessoa
rotulada como “estrangeira”.
As pessoas em deslocamento, incluindo refugiados, podem ser
particularmente alvo. No entanto, o próprio coronavírus não discrimina; os
infectados até o momento incluem turistas, empresários internacionais e até
ministros nacionais, que estão localizados em dezenas de países, abrangendo
todos os continentes.
O pânico e a discriminação nunca resolveram uma crise. Os
líderes políticos devem assumir a liderança, conquistando confiança através de
informações transparentes e oportunas, trabalhando juntos para o bem comum e
capacitando as pessoas a participar na proteção da saúde.
Ceder espaço a boatos, medos e histeria não apenas
prejudicará a resposta, mas poderá ter implicações mais amplas para os direitos
humanos e para o funcionamento de instituições democráticas responsáveis.
Atualmente, nenhum país pode se isolar do impacto do
coronavírus, tanto no sentido literal quanto econômico e social, como
demonstram as bolsas de valores e as escolas fechadas.
Uma resposta internacional que garanta que os países em
desenvolvimento estejam equipados para diagnosticar, tratar e prevenir esta
doença será crucial para proteger a saúde de bilhões de pessoas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está fornecendo
experiência, vigilância, sistemas, investigação de casos, rastreamento de
contatos, pesquisa e desenvolvimento de vacinas. É a prova de que a
solidariedade internacional e os sistemas multilaterais são mais vitais do que
nunca.
A longo prazo, devemos acelerar o trabalho de construção de
serviços de saúde pública equitativos e acessíveis. E a maneira como reagimos a
essa crise agora, sem dúvida, moldará esses esforços nas próximas décadas.
Se nossa resposta ao coronavírus estiver fundamentada nos
princípios de confiança pública, transparência, respeito e empatia pelos mais
vulneráveis, não apenas defenderemos os direitos intrínsecos de todo ser
humano; usaremos e criaremos as ferramentas mais eficazes para garantir que
possamos superar essa crise e aprender lições para o futuro.
*Michelle Bachelet é a alta-comissária da ONU para direitos
humanos. Filippo Grandi é o alto-comissário da ONU para refugiados. Este artigo
foi originalmente publicado no site The Telegraph.
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